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A fecundidade do silêncio

São José. Fonte: sagradoscoracoesunidos.org

O silêncio é próprio da condição existencial do ser humano. Sem o silêncio não há espaço para a interioridade, nem mesmo para a relação com os outros. Sua existência permite que tudo exista sem predominar o caos. Ele costura todas as coisas da vida. Quando não existe o silêncio a vida se desenrola em atropelos e no esvaziamento das relações e da interioridade. Desse modo, ele se estabelece como condição sine qua non para que exista a escuta atenta. Deve-se recordar que a palavra obediência, no latim, dá essa significação, do ato de obedecer como uma escuta atenta. O silêncio é próprio de quem vê-se tomado pela virtude da obediência.

São José é lembrado como o homem do silêncio. Com efeito, ele nos aponta para o silêncio do próprio Deus. O Pai, princípio de tudo que existe, se caracteriza pelo silêncio que gera a Palavra. O silêncio da criatura é, recorda-nos Bruno Forte (1995), eco desse Silêncio que é origem de tudo. A criatura se silencia como espaço para que a Palavra, vinda do Silêncio, a fecunde. O Pai permanece no Silêncio como origem misteriosa e recolhida. Esse Deus silencioso é, também, a vocação do mundo, razão da nostalgia cravada na alma humana. Sentimento que move o homem em busca do que é eterno.

Como o Pai que atua em silêncio, as ações de José se deram no silêncio. Agiu certeiramente, como instrumento do projeto de Deus. No silêncio de São José se vislumbra uma atitude fundamental, que expressa seu próprio ser. Enquanto artesão, falava por meio de suas mãos. Silenciava os lábios, para se expressar através de seu trabalho. Suas palavras eram ditas por meio das mãos, e como a Palavra do próprio Deus, fecundas de criatividade e vida. Assim, seu silêncio espelha a sua opção fundamental, assumida em sua vida. Longe de um silêncio estéril, sem sentido, José apresenta um silêncio grávido de significado.

No silêncio do carpinteiro de Nazaré se vislumbra sua interioridade e sua oblatividade frente ao projeto salvífico de Deus. Revela a atitude de quem se deparou com a grandiosidade do mistério divino, pois diante dele só cabe abrir-se em contemplação. Que possamos aprender com São José, especialmente neste percurso quaresmal, o silenciar, de modo fecundo, nossos corações, para ouvir atentamente o Senhor que nos provoca.

Equipe Arquidiocese em Missão
Arquidiocese de Montes Claros

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