A Síndrome de Asperger é uma desordem do desenvolvimento que se enquadra dentro dos transtornos de neurodesenvolvimento, nos quais ocorrem rupturas nos processos essenciais de socialização, comunicação e aprendizado. É uma condição dentro do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), embora de gravidade baixa a moderada. As crianças diagnosticadas com essa síndrome apresentam, de formas variadas, movimentos estereotipados e repetitivos, insistência em rotinas, inadaptação para estabelecer relações sócio afetivas, déficit na aquisição da linguagem, dentre outros aspectos que contribuem para tal diagnóstico.
Embora possa ser uma desordem de origem hereditária, de acordo com o Manual para Síndrome de Asperger (2010), muitos cientistas e profissionais da área vêm estudando sua origem, visto que muitas das vezes a Síndrome também já foi vista como um processo traumático que a criança passou em algum estágio da vida. Segundo relata no Manual: “Ela não pode ter sido causada pela forma como uma pessoa foi apresentada, pais ruins ou problemas emocionais; uma criança pode ter experimentado em algum momento desde o seu nascimento a Síndrome de Asperger, que é um transtorno neurobiológico, e não consequência de problemas decorrentes das experiências de vida da mesma.”. (MANUAL PARA SÍNDROME DE ASPERGER, 2010, p. 4).
Não existe um tratamento único para a Síndrome, posto que as crianças apresentam diagnósticos distintos umas das outras. Os recursos utilizados para atenuar os sintomas, como terapias ocupacionais, terapia cognitivo-comportamental, entre outras, destinam-se, principalmente, a minimizar aquilo que causa dificuldade de transmissão das competências sociais, vocacionais e de comunicação adequadas para a idade do indivíduo e que não tenham sido adquiridas de forma natural durante seu desenvolvimento.
Entre as possíveis intervenções para o desenvolvimento das competências sociais, está o aprimoramento da habilidade comunicativa. Um dos meios para se atingir esse objetivo está na inserção da criança no ambiente escolar. Esta, provavelmente, passará por diversas mudanças que contribuirão diretamente para o seu amadurecimento cognitivo, afetivo, social, emocional, entre outros, uma vez que o contexto escolar pode proporcionar transformações imprescindíveis no processo de desenvolvimento da criança e que refletirão em sua convivência com o meio e consigo mesma.
Nessa perspectiva, a escola opera significativamente na construção do desenvolvimento cognitivo e social de uma criança. De acordo com Vygotsky (1991), o desenvolvimento cognitivo do indivíduo se dá por meio da interação social que ele constrói com os outros e com o meio que ele está inserido. Vygotsky (1991) acreditava que a interação entre os indivíduos proporciona a motivação para se adquirir novas experiências e um conhecimento mais abrangente, e assim, a aprendizagem torna-se uma vivência social, a qual é permeada pela interação entre a linguagem e a ação.
No caso de crianças com Asperger, a dificuldade em interpretar os sinais verbais e não verbais da comunicação humana parece contribuir para a inabilidade em situações básicas de interação social. A dificuldade em responder socialmente por meio da empatia, também, possui um impacto significativo sobre a vida social das mesmas. Assim sendo, o meio escolar em que elas estão inseridas, precisa estimulá-las na relação interpessoal, despertando nelas o interesse em se relacionar. Quando elas encontram prazer em fazer algo, elas se entregam com paixão. É preciso que a relação com o outro e, concomitantemente, com o meio escolar, seja para elas, um lugar de confiança e acolhimento. Assim, o desenvolvimento cognitivo poderá ser construído e consolidado.
Artigo de Jéssica Magalhães Xavier
Graduada em Letras Inglês
Pós graduada em Psicopedagogia Clinica e Institucional
Pós graduada em Neuroaprendizagem e Transtorno do Aprender
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