Nas trilhas do Concílio Vaticano II, o episcopado latino-americano e caribenho voltou o seu olhar para o momento atual – início do terceiro milênio – por meio da V Conferência do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizado nos dias 13 a 31 de maio de 2007, na cidade de Aparecida/SP, sob o Pontificado do Papa Bento XVI. Embora não fosse a intenção primeira de Bento XVI, foi redigido o Documento de Aparecida, cujo objetivo é eminentemente pastoral, acompanhando as preocupações do episcopado nas quatro Conferências anteriores: Rio de Janeiro (1955), Medellín (1968), Puebla (1979) e Santo Domingo (1992).
Mais de quarenta anos após o Vaticano II, a Conferência de Aparecida procurou colocar as decisões do Concílio em prática, como fruto de uma “atualização” necessária. A Igreja latino-americana e caribenha estava diante de um contexto de mudança de época, envolto em muitos desafios e necessitava de um programa pastoral que trouxesse esperança em vista da vida de nossos povos e da nova evangelização. Esse é o cenário em que “A Igreja é chamada a repensar profundamente e a lançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais” (DAp. n.11).
As contribuições e conclusões de Aparecida, embora atualmente um pouco adormecidas, alcançaram o mundo através do Papa Francisco. Desde o início de seu pontificado, Francisco tem resgatado elementos dessa conferência em seus pronunciamentos e documentos. Um grande exemplo disso está na Evangelli Gaudium – Alegria do Evangelho – Exortação Apostólica que soa como seu plano de governo. Nela, inúmeras vezes, Francisco retoma o Documento de Aparecida para reforçar o caráter do discipulado-missionário que deve ser experimentado pela Igreja, no sentido de que ela “precisa de um forte impulso que a impeça de se instalar na comodidade, no cansaço e na indiferença” (DAp. n. 362). Tais apontamentos emanam de uma experiência concreta, visto que, como Cardeal Arcebispo de Buenos Aires, o Papa Francisco participou, em 2007, da Conferência de Aparecida e foi presidente da Comissão de Redação do documento conclusivo. “Participou, portanto, muito estreita e intensamente no estudo e nas decisões referentes ao tema ‘discípulos missionários de Jesus Cristo, para que todos tenham vida’. Ele procurou depois viver e pôr em prática na sua pastoral em Buenos Aires as conclusões de Aparecida, e hoje, como Papa, muito se inspira nelas” (Cardeal Hummes).
Por essa razão, pensar Aparecida, quinze anos depois, significa reconhecer que é possível, ainda, colocá-la em prática, visto que continua nos oferecendo subsídios suficientes para a renovação eclesial. O Documento de Aparecida é um grandioso convite para o impulso missionário de nossa Igreja. É tempo, pois, de agradecer pelos seus frutos no Brasil, sua influência na Igreja continental e mundial, e renovar o nosso compromisso de batizados, como verdadeiros discípulos-missionários de Jesus Cristo, para que n’Ele nossos povos tenham vida (cf. DAp. p. 257).
Equipe Arquidiocese em Missão
Arquidiocese de Montes Claros