A dinâmica do ano litúrgico, pedagogicamente, auxilia na leitura mistagógica da vida eclesial. Na próxima semana, iniciaremos a caminhada quaresmal, tempo de aprofundamento e preparação para a grande solenidade da Páscoa. Também o advento insere-se como momento de preparar-se para a solenidade do Natal do Senhor. Além disso, o próprio ano litúrgico é finalizado com a Solenidade Cristo Rei, que nos remete à preparação para a vinda definitiva do Senhor. Assim, o que celebramos aponta para a própria dinâmica da vida cristã que, nas palavras do teólogo italiano, Dom Bruno Forte, se desenrola entre êxodo e advento. Peregrinamos em direção ao Senhor que nos atrai e, ao mesmo tempo, vivemos na expectativa de sua chegada, por isso êxodo e advento. “Seguimos, peregrinos, com o tesouro de nossa história, respondendo aos desafios do tempo presente, e com os olhos no horizonte da concretização do Reino de Deus” (DAEAMC n.28). Caminhamos pela fé, no limiar da esperança, em direção ao banquete da perfeita caridade.
A Igreja Particular de Montes Claros vive um período chamado de Sé Vacante. Um tempo de aprofundamento e forte vivência da esperança, com os olhos voltados para o horizonte na expectativa de um novo alvorecer. Todavia não se configura em um estado de letargia, de inércia, ou, como bem disse o papa Francisco, de “Igreja em ponto morto”. Pelo contrário, se desponta diante de nós uma espera fecundada pela ação efetiva e esperançosa do Espírito Santo. Nesse sentido, a vida pastoral da Arquidiocese deve continuar a pulsar na ousada opção de renovação de suas estruturas, compromisso acentuado nas últimas Diretrizes da Ação Evangelizadora (cf. n.29), como Igreja peregrina, sempre em marcha. Vivemos um tempo de advento, de espera, mas sem deixar de sair de nossas estruturas, em contínuo êxodo, a serviço do Reino de Deus.
No último ano vivemos a alegria de celebrar a conclusão das Diretrizes da Ação Evangelizadora para os anos de 2021 – 2024, fruto de um bonito percurso sinodal, que envolveu muitas mãos. Foi um longo período de gestação, cujos frutos, certamente, já estamos colhendo. Assim, o administrador diocesano, em conjunto com o colégio dos consultores, será, neste tempo de espera do novo arcebispo, o responsável por resguardar a caminhada eclesial de nossa Igreja Particular, “como lugar do encontro com o Senhor e do diálogo da fé”. Para isso, é de fundamental importância que não se perca o sentido de sinodalidade, testemunhando aquela vitalidade que recebemos por meio do Batismo. Enfim, enquanto vivemos este tempo de expectativa, unamos nossos corações em prece:
“Ó Deus, pastor eterno, que governais o vosso rebanho com solicitude constante no vosso amor de Pai, suplicamos, com humildade, que olheis para a Arquidiocese de Montes Claros que se encontra em oração à espera do seu novo pastor. Concedei-nos um arcebispo que vos agrade pela virtude, e que, por seu zelo por nós, possa ser agradável a vós, sendo assíduo no governo da Igreja para a glória e reverência do vosso nome. E a nós, filhos desta Igreja, dai-nos a graça da obediência filial, para acolhermos com alegria e amor aquele que nos será enviado por vossa Divina Providência. Nós vos suplicamos, por Cristo nosso Senhor. Amém”.
Equipe Arquidiocese em Missão
Arquidiocese de Montes Claros