Celebramos neste próximo domingo a festa da Santíssima Trindade, sendo um só Deus em três pessoas, formando uma unidade divina. Foi Ela que criou tudo o que existe no universo. No planeta terra nos criou à sua imagem e semelhança. As três pessoas divinas criaram e cuidam de tudo, formando a harmonia das constelações e os mistérios insondáveis dos mesmos. O ser humano vai descobrindo um pouco da obra divina criada. Deus nos deu a incumbência de cuidar da terra com o mesmo amor da Trindade Santa. Feito o “dever de casa” seremos recompensados já na vida terrena e com a vida eterna feliz com Ela.
Para vivermos como imagem divina, precisamos usar o amor humano cheio do divino, para também nos entendermos na convivência fraterna, respeitando cada ser humano na sua dignidade, como morada de Deus e também cada ser criado e, inclusive, o meio ambiente. Ao contrário, desvirtuamos o sentido da vida e não realizamos o projeto da Trindade a nosso respeito. Provocamos o caos. As consequências são danosas. As guerras pelo poder, pelo acúmulo de riquezas nas mãos de poucos, deixando a maioria na miséria e no sofrimento, a busca desenfreada do bem estar concentrado nas elites, a corrupção na política, a desagregação da família e tudo o que descaracteriza a justiça e o bem comum são males resultados da desobediência a Deus.
Na época de Moisés o Criador já havia dado as indicações e orientações para o povo encontrar o caminho da vida digna na convivência humana. Os mandamentos não são bitolamentos, mas encaminhamentos para a direção da caminhada que conduz à vida realizada (Cf. 34,4-9). Aliás, o ser humano seguindo os próprios caprichos instintivos, não é capaz de olhar para um objetivo maior, que só é encontrado em Deus. Para isso, é preciso exercitar-se continuamente na prática da solidariedade, com a vida de fraternidade, justiça, promoção do bem comum, compreensão, diálogo, misericórdia e paz. O Apóstolo Paulo dá conselhos e estímulo para o aperfeiçoamento das pessoas nessa direção (Cf. 2 Coríntios 13,11-13).
Na sociedade existem pessoas que têm oportunidade de formar sua consciência para valores da prática da alteridade, dando de si pelo bem do semelhante. Não medem esforços e sacrifícios em bem do semelhante, principalmente dos mais deixados de lado na convivência social. São capazes de se modelar no amor de Deus e se esforçam por viver, à semelhança das pessoas da Trindade, ajudando a orientar os outros a também serem solidários e irmanados no entendimento e na promoção de cada ser humano, criado à imagem divina. Buscam o exemplo do Filho divino, como ele mesmo diz: ”Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (João 3,16). Assim, na trilha de Jesus, muitas pessoas são capazes de se doar para promover o que é o melhor para a comunidade. Fazendo assim, seremos capazes de consertar a sociedade com o amor humano entrelaçado com o divino!
***José Alberto Moura, CSS – Arcebispo Metropolitano de Montes Claros, MG