A Igreja no Brasil, via de regra, dedica o primeiro domingo do mês de agosto e a semana subsequente à reflexão sobre as vocações sacerdotais. É preciso dizer que, como afirma o Concílio Vaticano II, por meio das águas batismais nos tornamos um povo sacerdotal. Do meio deste povo, Deus chama homens para serem constituídos no sacerdócio ministerial (padres e bispos), em outras palavras, para participarem de um modo particular do ministério sacerdotal de Jesus Cristo, único e eterno mediador entre Deus e os homens.
Os sacerdotes, por meio do sacramento da ordem, são constituídos como servidores do povo de Deus e de todos os homens. São continuadores da missão do próprio Jesus, instrumentos de sua salvação constantemente oferecida a todos. Assumem a missão de ser a presença do Bom Pastor em meio a seu povo. Dentre os muitos detalhes do rito de ordenação, um deles merece singular atenção. Antes de proceder com a imposição mãos e com a prece consecratória, o ordenante estabelece um diálogo com o ordenando sobre seu compromisso diante do ministério abraçado. A cada questionamento se responde prontamente quero, mas, no último deles, sempre se acrescenta a expressão com a Graça de Deus. Isso porque, é sempre por meio da Graça que nós, seres suscetíveis a erros, podemos ser instrumentos da salvação. Não obstante, o sacramento da ordem jamais deve ser visto como uma fábrica de seres angelicais.
Uma postura clericalista, arrogante e disfuncional, leva muitos a exigirem dos ministros ordenados uma postura que suplante as limitações que são próprias da nossa condição existencial. O ministro deve assumir a postura de um guerreiro, sempre pronto para a luta, com uma armadura ilusoriamente intransponível. Os próprios ministros ordenados quando apelam a uma postura clericalista tornam-se algozes de si e de seus irmãos de ministério, além de muitas outras disfuncionalidades no exercício de seu serviço. Todos possuímos limites que precisam ser respeitados. Como seres humanos, necessitamos de cuidado e de um olhar misericordioso. A figura do curador ferido bem se aplica à realidade dos sacerdotes. São homens que possuem suas feridas, mas fazem delas fonte de cura para os outros. Consagrar a vida ao pastoreio do povo é, portanto, reconciliar-se com sua humanidade para olhar a realidade com os olhos do Bom Pastor.
Voltemos, em prece, nossos corações ao Senhor da Messe, suplicando a Ele que nos envie santos operários para conduzirem seu Povo em marcha. Peçamos, também, a Ele, que voltando o seu olhar para nossa Igreja Particular de Montes Claros, nos envie um novo arcebispo, segundo o seu coração de Pastor. Rezemos pelos sacerdotes de nossa Arquidiocese e por aqueles que se encontram no caminho de formação inicial,
seminaristas e diáconos transitórios, para que sejam perseverantes no sim que foi dado ao Senhor que chama. Enfim, que nossas comunidades sejam lugar fecundo para o surgimento de muitas vocações sacerdotais.
Equipe Arquidiocese em Missão
Arquidiocese de Montes Claros