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Dai-lhes vós mesmos de comer

Imagem: sdb.org

No coração de Jesus jamais habitou a indiferença! Assim reza a tradição da Igreja, bem sintetizada no texto-base da Campanha da Fraternidade 2023 (n.15). Durante toda sua caminhada terrena, os relatos dos evangelhos nos dão testemunho de que Jesus se colocou em oposição à exclusão, nas mais diversas situações vividas pelos que o rodeavam. Nessa linha, os padres conciliares afirmaram que não há realidade humana alguma que não deva encontrar eco no coração dos discípulos de Cristo (GS, n.1). Tendo isso em mente, os bispos do Brasil acolheram o apelo dos sinais dos tempos para promover, pela terceira vez na história, uma Campanha da Fraternidade sobre a realidade da fome.

Com o tema Fraternidade e Fome, e o lema Dai-lhes vós mesmos de comer (Mt 14,16), a conferência episcopal brasileira recordou que não dá para a comunidade assistir, passivamente, a realidade da fome. Ao contrário, aqueles que assumem o discipulado do Nazareno devem aprender que sua proposta é um programa de vida que contempla também a dimensão material (Texto Base, n.22). A fome, nas palavras proferidas pelo nosso novo arcebispo, Dom José Carlos de Souza Campos, em sua homilia de posse, não é problema para Deus resolver, mas para nós resolvermos, a partir do mandato de Jesus. Jesus nos ordenou matar a fome dos irmãos: Dai-lhes vós mesmos de comer (Mt 14,16).

Na realidade nacional, 58,1% dos lares convivem com a insegurança alimentar, e nesses lares mais de 33 milhões de brasileiros convivem com a fome, de modo que essa é, dia a dia, uma ameaça permanente à existência de todas essas pessoas. Trata-se de uma multidão que não sabe quando fará a próxima refeição, independente da quantidade ou da sua qualidade nutricional. No décimo sexto parágrafo de nossas Diretrizes da Ação Evangelizadora (DAEIMC) vemos a preocupação com a condição de pobreza em que muitos vivem, fruto de nossas injustiças.

Tal contexto, amplo ou particular, exige de nós uma verdadeira resposta, pessoal, comunitária e eclesial. Foi esse o alerta de nosso arcebispo, lançado na homilia proferida na celebração de sua posse canônica, ao dizer que temos um futuro, no qual a quarta baliza é o nosso cuidado com os outros e com a Casa Comum. Para tal, urge termos os olhos fitos no Senhor, e uma Igreja verdadeiramente eucarística. A fome não é um problema para Deus resolver, mas ao apresentarmos a Ele os nossos dons, vivendo a partilha, há sempre sua bênção, que faz arder nossos corações, torna ágeis nossos pés para a missão e abre nossas mãos para a caridade (DAEIMC, n.70).

Aproveitemos este tempo quaresmal, iniciado na última quarta-feira (22/02), e sigamos ao deserto com Jesus para nos despojarmos de toda imagem equivocada de Deus. Façamos a experiência de contemplá-lo como se apresentou a nós: um companheiro de viagem. Ou ainda mais, o vejamos naqueles que são estrangeiros, que estão nus, com frio, com sede, presos, doentes, e, sobretudo, que estão com fome. Afinal, aquele que disse: Isto é o meu corpo (Mt 26,26c), confirmando com sua palavra o ato que realizou, disse também: Tive fome e não me destes de comer (Mt 25,42), e ainda, toda vez que não fizestes estas coisas a um destes meus irmãos pequeninos, não o fizestes a mim (Mt 25,45). Assim, sigamos o mandato de Jesus: dai-lhes vós mesmos de comer (Mt 14,16).

Equipe Arquidiocese em Missão
Arquidiocese de Montes Claros

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