Um dos desafios enfrentados nas relações interpessoais é a falta de uma afetividade madura. Quantas interações são secas, “robotizadas”, sem humanização. Tudo isto leva a falta de cuidado com o outro numa desatenção que vai afastando as pessoas. Este cenário tem sido presente nas relações do dia-a-dia, atingindo inclusive nossa igreja e a família.
Quando olhamos os vários gestos de Jesus em sua missão, temos vários indícios da importância do acolher, de dar acolhimento a alguém. Ele mesmo nos ensinou de uma forma concreta que independente de quem seja, ou como esteja aquele que se aproxima de você, ele é digno da sua atenção, de sua escuta autêntica, de um interesse genuíno e da compreensão de que ali diante de você esta o sagrado do outro. Exemplos disso, temos o encontro Dele com Maria Madalena, ou com a Samaritana, ou com as mulheres que choraram por vê-lo caminhar rumo ao calvário, ou ainda diante daquela multidão faminta para a qual garantiu o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, como que nos ensinando que o pouco que temos pode também se multiplicar se tiver amor, se nos interessarmos de fato pelo outro que se aproxima.
O exemplo do Mestre é cada dia mais atual, é um apelo para nós, especialmente cristãos, para imitá-lo. É um convite a deixar suscitar em nós uma mudança de mente e coração para acolher o outro, compreendendo com um gesto aparentemente simples de olhar no olho do outro, chama-lo pelo nome, dedicar aquele tempo (às vezes poucos minutos) para ouvir o que o outro trás de queixa, demanda, angustia; um gesto de amor que é precioso e pode significar muito para aquele que às vezes chega tão quebrado, desvalorizado e que deseja ser recebido com atenção, carinho e calor humano.
Como é bom quando chegamos a determinado lugar e nos sentimos olhados, atendidos naquela necessidade que fomos buscar, mesmo que a resposta seja não, não posso, não é possível, mas com a gentileza de quem se ofereceu por alguns instantes a nos acolher e se interessou de fato por nós. Sentimo-nos respeitados, amados e considerados.
Nossas igrejas, nossas secretarias, devem ser a extensão dos gestos de Jesus, devem ser espaços de amor, de acolhimento para aqueles que as procuram. O amor cura! Essa expressão tão antiga é ao mesmo tempo muito atual. E o acolhimento como expressão de amor, é capaz de curar, é capaz de aliviar, de trazer luz, direção, paz…
Sentir-se acolhido é uma experiência, não uma teoria. A experiência pessoal em qualquer atendimento pode incluir ou afastar. Quantas pessoas são perdidas por falta de calor humano, em quantos relacionamos é preciso aumentar a qualidade… urge a necessidade de aprender a acolher como na parábola do Bom Samaritano aqueles que se aproximam. É preciso transformar atitudes que se preocupam apenas com o processo que levam à forma de falar pouco calorosa para humanizar a informação; onde informação seja comunicação e orientação sentida na forma de falar de quem demonstra verdadeiro compromisso em ajudar o outro. Que a porta do coração se abra para acolher as pessoas, facilitar e não dificultar, comunicar e não apenas informar, orientar e não apenas dizer “Não”; que acolher não se resuma apenas a uma equipe, mas seja uma postura e expressão de amor que nos envolva por inteiro, como pessoa, como grupo, como igreja, como família, como profissional e sobretudo como cristão.
A igreja nos orienta que “Qualquer pessoa que procure a comunidade eclesial deve ser recebida por alguém que a escute e ajude a encontrar uma solução para a sua necessidade” (CNBB, doc. 71, p. 54). Este é o convite para você hoje: acolher com amor àqueles que de você se aproximar. Experimente ver no outro o rosto de Jesus, e com certeza, o próprio Jesus te olhará, te conduzira para experimentar a força do amor que cura, liberta e transforma!
*Gregório Ventura, Master Coach. Eliane Ventura, Psicóloga.
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