Na última quinta-feira celebramos a solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo – Corpus Christi. De acordo com São Tomás de Aquino, “ninguém seria capaz de expressar a suavidade desse sacramento; nele se pode saborear a doçura espiritual em sua própria fonte; e torna-se presente a memória daquele imenso e inefável amor que Cristo demonstrou para conosco em sua Paixão” (Ofício de Leituras nas Solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo).
À vista disso, na Eucaristia, fonte e ápice da vida cristã (cf. LG n.11), vislumbra-se a radicalidade do amor de Deus em seu Filho Jesus Cristo, o qual, pela ação do Espírito Santo, se digna presentificar-Se nas Espécies Sagradas, as quais se tornam alimento e penhor da salvação. O Prefácio da Santíssima Eucaristia III nos recorda que: “Na Eucaristia, testamento de Seu amor, Ele se fez comida e bebida espirituais, que nos sustentam na caminhada para a Páscoa eterna” (Prefácio da Santíssima Eucaristia III). Aqui, gostaríamos de refletir sobre a Eucaristia, destacando-a enquanto Sacrifício, bem como Epifania da Eternidade.
O caráter sacrificial da Eucaristia é manifesto no próprio mandato de Jesus, na última ceia (cf. Lc 22,19-20). Assim, a Eucaristia é um sacrifício, pois por ela torna-se presente e atual o Mistério Pascal de Cristo, cujo ápice é a Ressurreição. Em um primeiro momento, cumpre destacar que esse Sacrifício é de louvor e de ação de graças ao Pai pelos inúmeros benefícios concedidos a nós, pelos méritos de Cristo, bem como em ação de graças pela obra da criação. Ao mesmo tempo, a Eucaristia é também sacrifício, porque torna presente/atual o Sacrifício da Cruz. Entretanto, enquanto o Sacrifício da Cruz é cruento, o Sacrifício presentificado em cada celebração Eucarística é incruento, porém daquele é memorial e aplica seus frutos.
A Eucaristia é, também, sacrifício da Igreja, visto que “na Eucaristia, o sacrifício de Cristo se torna também o sacrifício dos membros de seu corpo” (CaIC n.1368). Desse modo, toda a comunidade reunida, bem como os nossos irmãos que estão na glória do céu e aqueles que, na Igreja Padecente, não estão plenamente purificados, unem-se à oferenda de Cristo, pela qual nos tornamos um n’Ele. Além de ser memorial do Sacrifício de Cristo, pela Eucaristia se experiencia a Epifania da Eternidade. Pela participação na Eucaristia antegozamos da Glória Celeste, tal como por nossa comunhão no altar somos “repletos de todas as graças e bênçãos do céu” (Oração Eucarística I).
Portanto, a Eucaristia, recorda Bento XVI, é a doação que Jesus Cristo faz de si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por toda pessoa humana. Neste sacramento revela-se um amor radicalizado, isto é, amor que “dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). Por isso, tal Sacramento corresponde ao memorial do Sacrifício de Cristo, não obstante, é também Epifania da Eternidade, pois pela celebração e participação na Eucaristia já nos unimos à liturgia do Céu e antecipamos a vida Eterna, quando Deus será tudo em todos (1Cor 15,28).
Seminarista Jéferson de Jesus Teixeira
Equipe Arquidiocese em Missão
Arquidiocese de Montes Claros