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Luar do sertão

Há uma semana celebrávamos o Natal do Senhor, e o nosso coração, como o de Zacarias, estava em festa, pois o Sol nascente nos veio visitar (Lc 1,78). Isso porque Cristo é, segundo a literatura profética, o Sol da Justiça (Ml 3,20). Associada ao Sol, nas Sagradas Escrituras, está sempre a lua. Ela não possui luz própria, mas reflete a luz que emana do sol. Posto isso, desde o início da fé, os cristãos acolheram a lua como símbolo de Maria e da Igreja, o que nomearam de Mistério da Lua, ou Mysterium Lunae.

A dinâmica sol e lua nos ilumina a relação intrínseca entre Cristo e seus discípulos, indicando que na vida de cada cristão deve resplandecer o esplendor de Jesus, tal qual a lua reflete a luz do sol. Como “primeira cristã”, modelo de discípula, Maria é arquétipo da própria Igreja, na ordem da fé, da caridade e da plena união com Cristo (Constituição Conciliar Luz das Nações, n.63).

Como modelo de disponibilidade, Maria consolida os sonhos de Deus, sendo sinal de esperança, de consolação, de serviço e de gratuidade. Ela é, então, luar que clareia a noite escura da peregrinação do novo povo congregado pelo Cristo, a Igreja. Ela nos mostra a força do amor vivido como reconhecimento de que Deus está conosco mesmo em situações em que parecemos sozinhos.

A solenidade de Maria, mãe da Igreja, padroeira de nossa Arquidiocese de Montes Claros, recorda-nos a dócil presença materna de Maria, estrela que precede o amanhecer. Emerge, naturalmente, o refrão imortalizado na voz de Luiz Gonzaga: Não há, ó gente, ó não, luar como esse do sertão. Nas preces entoadas, lá está ela. Nas contas dos terços rezados por inúmeras vozes nesses Gerais, nas ladainhas, Ofícios, benditos e novenas.  Na prece de todo o povo, o esteio que mantém a Igreja Montes-Clarense reluzente como farol em meio às provações de nosso povo, a exemplo de Maria, que permaneceu unida aos apóstolos em oração, comunhão fraterna e fração do pão (cf. At 2,42).

Além disso, ela é artífice de comunhão (Documento de Aparecida, n.268), um verdadeiro modelo para toda humanidade. Como dia mundial da paz, o dia primeiro de janeiro é tempo propício para pensarmos as relações a partir da comunhão que não uniformiza, mas acolhe e se enriquece com a diversidade que é própria da caminhada sinodal de uma Igreja que quer se tornar casa para todos, fazendo germinar um mundo novo (cf. Exortação Apostólica Alegria do Evangelho, n.288).

Celebrar a Mãe da Igreja é confiar na sua maternal proteção, que educa e não deixa faltar a bênção e a alegria, cantando com ela o louvor ao Deus que olha os pequeninos e sofredores, e se lhes torna próximos. Que a Virgem Mãe, luar a iluminar as noites dessa terra a ela confiada, possa olhar afetuosamente pelos caminhos que iremos trilhar com nosso arcebispo eleito e, assim, reinflamar a alegria do encontro e do serviço, sendo uma Igreja em saída a anunciar a todos o Evangelho do cuidado e da fraternidade. Maria, Mãe da Igreja, rogai por nós!

Equipe Arquidiocese em Missão
Arquidiocese de Montes Claros

Artigos de Dom João Justino

Arcebispo Metropolitano de Montes Claros (MG)

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