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Memória, profecia e companhia

Foto: IV AAP, 2021. Laura Tupinamba

Estamos encerrando o mês de agosto, e este último domingo é dedicado especialmente à vocação laical. Trata-se da vocação de maior parte dos fiéis da Igreja, que vivenciam seu chamado especial de impregnar o mundo com o Espírito de Cristo (LG 36). Tal missão se vislumbra num modo de ser em via incarnationis, isto é, prolongando o ato encarnatório no hoje da História. Aqui agrupamos em três características a vivência dessa vocação: memória, profecia e companhia.

A vocação laical vivida sob o signo da memória nos recorda que seguimos um Deus que se deixa afetar pelas alegrias e esperanças, angústias e sofrimentos de todo gênero humano (GS 1), e, porque não, de toda a criação. Seguimos um Deus que não é indiferente ao que cria, mas sonha em ter uma relação próxima. O pecado, desordenando as relações humanas, faz o coração dos homens e mulheres se endurecerem e esquecerem de que há um Deus que nos chama pelo nome (Is 43,1). Assim, a vocação laical deve ser assumida como memória viva, de um Deus vivo, que a todos chama à vida, à justiça e ao bem.

Com esse intuito, faz-se necessário que os leigos assumam o profetismo como modo de vida: denunciando as estruturas de injustiça e morte, e anunciando a Boa Nova do Reino. Devem ter como meta viver resgatando a certeza de que o Senhor tem planos de paz e não de destruição, de vos garantir um futuro e uma esperança (Jr 29,11). Os leigos, assim, seguindo a vocação profética própria de seu estado, devem sair pelos caminhos do mundo tendo sempre diante dos olhos o novo céu e a nova terra que começam já aqui. Como profetas, são chamados a não deixar se apagar a esperança dos pobres, nem deixar calar os clamores das multidões.

Na política, na educação, na economia, e nos mais diversos setores do trabalho, os leigos são chamados a se portarem como verdadeiras sementes do Reino, agindo como fermento na massa (Lc 13,20s). Para isso, é fundamental que estejam inseridos na dinâmica do mundo. Não se leveda uma massa estando-lhe distante, donde se ressalta a característica da vocação laical como companhia. É próprio dos fiéis leigos estarem inseridos nas mais diversas realidades, capilarizando a salvação. Fazem-no tornando-se companheiros de viagem, à semelhança do Senhor (Lc 24,13ss), daqueles que seguem tristes e desesperançados os seus caminhos.

Rendemos graças a Deus pelo laicato consciente de nossa arquidiocese, espalhados nas mais de mil e cem comunidades das nossas 68 paróquias. São incansáveis discípulos-missionários de Cristo, atuantes na catequese, na evangelização, nos organismos e ministérios da Igreja, se dando de corpo e alma ao esforço de unir fé e vida para a transformação social, conforme os critérios do Evangelho (DAEAMC 12). Como companheiros de viagem seguem denunciando as estruturas de poder e opressão, e fazendo renascer a esperança advinda de um Deus que nos é companhia, que sonha um mundo mais justo e fraterno. Reencantemos o mundo fazendo-lhe memória, ecoando a voz do Senhor e nos tornando companhia em seu caminhar. À vocês, leigos e leigas de nossa arquidiocese, a certeza de que aqueles que ensinam muitas pessoas o caminho da justiça, brilharão eternamente como estrelas no firmamento (Dn 12,3).

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