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O silêncio do Sábado Santo

Ícone Bizantino Descida de Jesus a mansão dos mortos

Um dos aspectos da liturgia do sábado de aleluia é o silêncio que se instaura desde o ato litúrgico da adoração da cruz de nosso Senhor até a Vigília Pascal, quando, em júbilo, se entoa o aleluia que fora suprimido durante a quaresma. O silêncio é necessário diante dos acontecimentos de nossas vidas, para melhor ouvir a voz do Deus que nos conduz.

No grande silêncio do Sábado Santo, a Igreja recorda a descida de Jesus à mansão dos mortos, para resgatar todos os homens e mulheres de boa vontade que morreram antes de Jesus Cristo ter passado pela paixão e morte. É um silêncio fecundo, em que Jesus continua sua obra redentora. Do mesmo modo, no silêncio que fazemos, não apenas dos barulhos exteriores, mas, sobretudo, dos interiores, existe grande fecundidade. É o convite de Deus para meditarmos profundamente os mistérios da nossa salvação e, na meditação, elevar ao Senhor as nossas orações.

O caminho quaresmal que trilhamos e que possui o silêncio como um de seus aspectos, nos lança na profundidade dos mistérios da salvação. A alegria da ressurreição do Cristo passa pela contemplação silenciosa dos mistérios de Deus. Lembremos de Nossa Senhora: guardava tudo no coração (Cf Lc 2,16-21). É preciso guardar em nossos corações todo mistério anunciado pela Igreja e vivido por nós na liturgia e em outros momentos de nossas vidas. Para isso, faz-se necessário o silêncio e a oração.

No Sábado Santo se escuta, na proclamação da Páscoa, a referência ao pecado de Adão: “ó culpa tão feliz que há merecido a graça de um tão grande redentor”. E, para aprofundarmos no silêncio do Sábado Santo, na beleza dos mistérios celebrados, é muito oportuno recordarmos um trecho de uma antiga homilia, do século IV, presente no Ofício das Leituras da Liturgia das Horas do Sábado Santo:

“(…) E Cristo respondeu a Adão: ‘E com teu espírito’. E tomando-o pela mão, disse: ‘Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará.

Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão:  «Saí»; e aos que jaziam nas trevas: «Vinde para a luz!»; e aos entorpecidos: «Levantai-vos!».

Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa. (…).

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha face as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, tua beleza corrompida. Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar de teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso. Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.

Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso mas num trono celeste. (…)’”.

Mergulhemos, pois, no silêncio, para melhor contemplarmos os mistérios de Deus e, mais conscientes, celebrarmos a alegria da ressurreição.

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