A Quaresma é um tempo marcante na caminhada cristã, visto ser um período no qual os fiéis são chamados, de forma mais intensa, à prática da penitência. À vista disso, a Igreja orienta à prática da oração, do jejum e da caridade. Essas práticas auxiliam-nos a reconfigurar a nossa vida à vontade de Deus, assim levando-nos, pelo auxílio da Graça, a despojarmo-nos do homem velho e, em Cristo, revestirmo-nos do Homem Novo (cf. Ef 4, 21-23). Tal itinerário de revisão de vida e conversão está em vistas da preparação para a participação na celebração do Mistério Pascal de Cristo.
Dentre as três práticas orientadas pela Igreja a serem aprofundadas no tempo quaresmal, aqui destacamos a oração: “venerável mensageira que nos leva à presença de Deus, alegra a alma e tranquiliza o coração” (Das Homilias de Pseudo-Crisóstomo – 2ª Leitura do Ofício de Leitura da Sexta-feira depois das cinzas). A oração, diálogo com Deus, “é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento de Deus, a mediadora entre Deus e os homens” (Das Homilias de Pseudo-Crisóstomo – 2ª Leitura do Ofício de Leitura da Sexta-feira depois das cinzas); é o meio pelo qual somos colocados em íntima comunhão com Deus. De acordo com Pseudo-Crisóstomo, essa não se limita somente a uma atitude exterior, com a multiplicação de palavras (Cf. Is 29,13), mas trata-se de uma atitude interior, “que provém do coração e não se limita a ocasiões ou horas determinadas”.
“A oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria” (TERESINHA DO MENINO JESUS apud CaIC, n. 2558). A oração, nesse sentido, é a elevação da alma a Deus, cujo fundamento é a humildade. Vai dizer o Papa Francisco, “a oração nasce da terra, do húmus, de onde vem o ‘humilde’, a ‘humanidade’; vem da nossa condição de precariedade, da nossa sede contínua de Deus” (Catequese 1: O mistério da Oração 06/05/2020). É por meio da oração que o ser humano é sintonizado ao coração de Deus e, em consequência, pela ação da Graça, é impulsionado a sair de si mesmo, expressando através do testemunho, da ação, o fruto de sua oração: o amor solidário.
Que nesse tempo quaresmal, que se inicia, possamos intensificar a vida de oração, de intimidade com o Senhor, rasgando o “coração e não as vestes” (Jl 2,13). Não obstante, é válido ressaltar que a oração não é uma atitude intimista. Recorda o Papa Francisco que, “na oração, Deus ‘toma-nos, abençoa-nos, e depois reparte-nos e oferece-nos’, pela fome de todos. Cada Cristão é chamado a tornar-se, nas mãos de Deus, pão repartido e partilhado. Isto é, uma oração concreta, que não seja uma fuga (Catequese 19: A oração de intercessão 16/12/2020). Assim, ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa (Oração da Coleta – 1º Domingo da Quaresma). Amém.
Equipe Arquidiocese em Missão
Arquidiocese de Montes Claros