O mês de setembro chegou e com ele a primavera, período em que vemos a explosão de cores da natureza que permanecia adormecida pelo inverno. Ecoam as palavras do cantor montes-clarense, Beto Guedes: “quando entrar setembro e a Boa-nova andar nos campos, quero ver brotar o perdão”. A estação das flores convida-nos a perceber o que estamos plantando e cultivando no solo de nossa existência.
Neste mês, também somos convocados a um olhar especial para a Palavra de Deus, que nos provoca a desinstalar-nos de um modus vivendi que nos afasta do projeto divino de vida plena para todos. É preciso recordar que, em última instância, a experiência com a Palavra de Deus remete-nos a uma pessoa, Jesus Cristo. Ele é a Boa-nova que tudo transforma com sua presença amorosa. Ao longo de sua vida itinerante, pregando o Reino, atraiu diversos seguidores. Diversos foram os motivos para as pessoas irem até ele. No entanto, se destaca o seguimento dos discípulos, que encantados pela Boa-notícia anunciada, depositaram em Jesus suas esperanças. Ele é o homem que encarna a liberdade mais profunda almejada pela humanidade.
O evangelho joanino apresenta Jesus como a Palavra eterna, que se encarna para completar a obra da salvação, prefigurada desde os primórdios. Ele é a palavra que cria e interpela. O mundo e o ser humano foram criados n’Ele e por Ele, que é o ponto de unidade entre criação e salvação. Através de sua Palavra, Deus cria tudo quanto existe. Sua Palavra é grávida de ação, de vida. Ele fala e tudo passa a existir. Ele diz e tudo se faz. Em Jesus, Verbo feito carne, o Senhor convoca e congrega um povo. Nascemos da Palavra, dela vivemos e nela encontraremos nossa realização plena.
Rubem Alves disse que somos poemas encarnados, pois, se com a Palavra começamos, somos as estórias que moram em nós. Ao lermos as Sagradas Escrituras à luz de Jesus Cristo, devemos direcionar nosso olhar para as palavras (estórias) que habitam em nós e aquelas que estamos escrevendo. Precisamos nos empenhar em ser elementos que contribuem para a edificação do projeto a que Cristo nos convoca, instrumentos da Palavra geradora de vida. Viver da Palavra implica ter as janelas do peito abertas para permitir ser iluminados pelo Senhor e dele aprendermos a ser belos e bons poemas. Enfim, como ainda disse Beto Guedes, “a lição sabemos de cor, só nos resta aprender”. Que o mês de setembro seja para nós, Igreja de Montes Claros, a primavera de comunidades que vivem da Palavra e com ela se comprometem.
Equipe Arquidiocese em Missão
Arquidiocese de Montes Claros