Sub umbra alarum tuarum (Sl 17,8). Muitas são as comemorações que hoje podemos elencar em nossa reflexão semanal: a solenidade de São Pedro e São Paulo, o dia do Papa, a entrega do Pálio Episcopal e o aniversário da nossa Sé Arquidiocesana, Montes Claros. A todas, contudo, sobressai uma única certeza: estamos todos sob a sombra das asas de Deus.
É essa verdade de fé, que caminhamos tendo Deus como guia e protetor, que permitiu aos cristãos da primeira hora, como São Pedro e São Paulo, seguir sua missão de anunciar a fé e testemunhar o Amor até as últimas consequências, entregando a própria vida no martírio. A intimidade com o Senhor e a confiança que dela brota, ratificavam suas palavras, ecoando pelos dos séculos que não apenas Deus é Pai, como, por amor, enviou seu Filho único para a salvação do mundo (cf. Jo 3,16). Esses, com o sopro do Espírito, animam e conduzem a Igreja a seguir, firme e constante, na peregrinação, a anunciar a todos que Deus não nos é indiferente e distante. Ao contrário, Ele ouve o clamor de seu povo, vê seu sofrimento e desce para conosco caminhar (cf. Ex 3,1-22).
Deus, contudo, usa das respostas humanas para se fazer presente em meio aos seus. Pedro e Paulo são colunas firmes e exemplos de unidade e missionariedade. Há, em cada época, pessoas escolhidas para perpetuar em seu ministério essa mensagem. Os bispos, sucessores dos apóstolos, são continuadores dessa mesma missão. O Santo Padre, como legítimo sucessor de Pedro, é vínculo de unidade da Igreja universal, presidindo, na caridade, todos os fiéis, e sendo o primeiro a experimentar, na fraqueza de sua humanidade, a fortaleza da Graça de quem se abandona aos cuidados de Deus. E, por isso, é capaz de apascentar as ovelhas do Senhor (cf. Jo 21,15-23).
Símbolo desse pastoreio é o Pálio Pastoral, um ornamento de lã usado pelos arcebispos metropolitanos, e entregue pelo Romano Pontífice no dia a ele dedicado. Cada arcebispo recebe um, referente à arquidiocese que está responsável, a fim de representar, liturgicamente, o rebanho de Deus que lhe foi confiado e do qual é o primeiro e máximo pastor. Sua vida, entregue e consumida no meio do rebanho é, para este, sombra das asas do próprio Deus a lhe dar verdes prados, belas campinas, certeza de descanso seguro (cf. Sl 23,1-6).
Assim, deve o bispo diocesano ser tão próximo aos seus que deixe a marca de seu cuidado e amor em seu rebanho. Nossa Sé Arquidiocesana, Montes Claros, traz em seu brasão de armas o lema usado por nosso primeiro bispo diocesano: sob a sombra de suas asas. Hoje, já rejubilando pelo aniversário de nossa Sé, recordamos o significado profundo de seu lema. Belíssimas e elucidantes são as palavras do autor sagrado quando afirma: Foi num deserto que o Senhor achou seu povo, num lugar de solidão desoladora; cercou-o de cuidados e carinhos e o guardou como a pupila de seus olhos. Como a águia, esvoaçando sobre o ninho, incita os seus filhotes a voar, ele estendeu as suas asas e o tomou (Dt 32,10-11).
Como outrora o povo da primeira Aliança, sintamo-nos encontrados pelo Senhor nesse sertão norte-mineiro. Aqui e com Ele, alcemos voos, nesse período novo de nossa história arquidiocesana. Estamos todos sob a sombra de Suas asas, como filhos bem-amados e animados pelo próprio Senhor. Que Maria, Mãe da Igreja, seja-nos companheira e intercessora.
Pe. Eric Jader A. Costa
Equipe Arquidiocese em Missão
Arquidiocese de Montes Claros