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Trata bem dele: a compaixão como exercício sinodal de cura

Foto Padre Ildomar Pereira, Capelão da Santa Casa

Recordamos a cada ano, no dia 11 de fevereiro, o dia de Nossa Senhora de Lourdes, e com ele celebramos o XXXI Dia Mundial do Doente. Nesse dia, a Igreja, samaritana como deve ser, reza e chama a atenção ao cuidado daqueles que não têm quem caminhe junto com eles na estrada da doença e da fragilidade. Não obstante, o Papa Francisco nos escreveu uma bela e profunda mensagem para nos lembrar da compaixão como um exercício sinodal de cura. Afinal, é comum que quando alguém não esteja bem, outros se coloquem à disposição para cuidar e acompanhar.

Pensar a fraternidade, ou o caminhar junto, em nossa atual conjuntura, se faz necessário. O outro é meu irmão, minha carne (cf. Is 58,7) e não pode viver a enfermidade sozinho, sem os nossos cuidados. Por isso, o Santo padre propõe que reflitamos sobre as condições com que deixamos os nossos irmãos quando estes encontram-se vulneráveis. É preciso ver o outro não como objeto de desprezo, mas mover-se de compaixão por ele e colocar-se à disposição para aliviar as suas dores, tratando-o como verdadeiro irmão. “Proceder assim, sem pensar sequer, muda as coisas, gera um mundo mais fraterno” (Papa Francisco, 10 de janeiro de 2023).

Ainda que a doença, a enfermidade e a fragilidade façam parte de nossa humanidade, elas tornam-se desumanas quando não vividas com sentimentos de compaixão e cuidado. Não se deveria permitir que alguém viva tais condições na solidão e no abandono. Esse é um retrato cruel do abandono experimentado por muitos em suas famílias e também em nosso sistema de saúde. Muitos vivem ali o seu caminho de dor sozinhos, longe dos seus, abandonados à própria sorte, encontrando talvez apenas o consolo da fé para dar-lhes a esperança e o alívio das dores neste momento difícil.

Depois de anos difíceis devido à covid-19, talvez ainda não tenhamos aprendido a criar condições para que todos possam ser assistidos com dignidade, tendo acesso aos cuidados médicos e ao direito fundamental à saúde. “De fato, o Dia Mundial do Doente não convida apenas à oração e à proximidade com os que sofrem, mas visa ao mesmo tempo sensibilizar o povo de Deus, as instituições de saúde e a sociedade civil para uma nova forma de avançar juntos” (Papa Francisco, 10 de janeiro de 2023).  Tratar bem do outro é um convite a recordarmos da sacralidade que é a vida desde a sua concepção até o seu declínio natural. É perceber que fomos colocados neste mundo para vivermos como irmãos e não indiferentes à dor do outro.

Que esta data não passe despercebida por nós, mas leve-nos a pensar quanto ao modo em que, como Igreja, temos sido a estalagem do bom samaritano (cf. Lc 10,34), a acolher quem está frágil e doente, e sobre qual tem sido a nossa disposição em caminhar junto ao que sofre. Que a Virgem de Lourdes seja sinal do alento de Deus que quis dar-nos uma mãe para que não nos sentíssemos sozinhos, desamparados no momento de dor. Possa também ela, invocada como Saúde dos Enfermos, interceder por todos os doentes e proteger a todos que deles cuidam.

Equipe Arquidiocese em Missão
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